Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
O Grupo
- Conão - Meio Orc Bárbaro
- José Aldo - Halfling Monje
- Ermitudo - Elfo Ranger
- Dadin da Cabuloso - Humano Mago
- Tião Carreiro - Meio-Elfo Bardo
A Aventura
Era uma
noite fria em Neverwinter, eu terminava de fazer mais uma
apresentação na Taverna do Mamute Empanado e me dirigia até a mesa
de meus companheiros de grupo. Entre uma coxa e outra de Javali Conão
explicava os dogmas do Deus da Guerra para José Aldo. Era no mínimo
singular ver um Meio-Orc tão letrado em filosofia e diplomacia,
ainda que seja uma diplomacia voltada para guerra. Sentei-me mantendo
distância de Ermitudo, era um excelente ranger, poderia rastrear um
druida em plena Floresta Negra, ou um Anão na Espinha do Mundo
durante uma nevasca, mas infelizmente não era muito afeito à
hábitos civilizados, entre eles... banho.
Mal
cheguei a me acomodar e enquanto me aquecia com uma jarra de
hidromel, um anão entrou pela porta principal. Era robusto e
envelhecido tal como um tonel de carvalho, a barba bem tratada e
jóias em suas mãos, com certeza um mercador.
“Senhores,
meu nome é Rockseeker, e preciso que uma carga seja entregue em
Barthen, necessito de escolta para essa carga”
O posto
avançado de Barthen, fica fora da estrada para o sul, e sofre
constantes ataques de orcs e outras criaturas daquela região. Não
seria uma entrega fácil, mas heróis são forjados nas adversidades.
Aceitamos a demanda, não sabendo sequer o que teríamos que
entregar, em nossas mentes apenas a necessidade daquelas provisões
para os homens que encontram-se naquele posto avançado. A partir
desse instante cada um de nós carrega não somente sua história,
mas a esperança de cada um dos soldados.
Rockseeker
disse que se adiantaria, nós partiríamos na tarde do dia seguinte,
ele partiria agora. Ermitudo o advertiu que não era um bom horário,
chegaria a Trilha do Triboar no crepúsculo do dia seguinte, mas,
como peculiar dos anões, Rockseeker não deu ouvidos ao elfo, e este
foi seu grande erro.
No
outro dia partimos. O caminho pela estrada principal foi calmo,
exceto para Dadin Da Cabuloso, um homem com o poder para destruir
um reino com um acenar de suas mãos, um homem envolto em brumas.
Carregava seus próprios demônios, a magia o havia consumido...
Demônios... Anjos... Criaturas de mundos que jamais veremos vinham
até sua mente, ora atormentá-lo, ora ajudá-lo. Nunca sabíamos
quando ou quem iria aparecer, por isso estávamos sempre em vigília.
Entramos
na Trilha do Triboar com o sol a pino. A mata logo foi se fechando e
furtando cada raio de sol que tentava chegar ao solo, ainda que fosse
dia embaixo daquelas copas era a mais profunda noite.
Adentramos
a floresta, e pouco depois avistamos dois cavalos feridos. Ainda que
Ermitudo tivesse tentado nos avisar, José Aldo se adiantou
rapidamente. Conhecia a nobre arte da medicina e das poções, se
houvesse alguém ferido alí, não permitiria que anjo da morte se
aproximasse. Infelizmente o nobre coração de meu companheiro é
também um ponto fraco.... Dos arbustos ao redor eles apareceram!! 40
Goblins com o arco em punho, na ponta das flechas era possível ver o
pernicioso veneno, mas nada ficaria entre Aldo e aqueles dois
viajantes. A flecha zuniu em sua direção apenas para ser aparada
por uma das mãos. Conhecem as lendas sobre os pequeninos? Dizem que
os melhores perfumes estão nos menores frascos, e os piores venenos
também. Naquele momento o goblin descobriu que algumas lendas são
tão sólidas quanto o punho de Aldo cerrado em seu queixo.
Travamos
uma grande batalha, Os goblins tentavam nos flanquear mas postos ao
lado um dos outros conseguíamos nos proteger. Goblin a goblin ia
tombando, até que um urro rompeu a noite.
Era
Conão... O combate havia despertado o poder de seu senhor, seus
olhos brilhavam em chamas, a atmosfera ao seu redor estava elétrica,
não mais nosso gentil meio-orc, mas o próprio deus da guerra estava
alí. Um segundo urro e seu martelo em um golpe descendente explodiu
a cabeça do Goblin. O goblin ao lado inutilmente o atingiu com a
espada... coitado... naquele instante já havíamos ganho o
combate... Apenas o olhar de Conão removeu a alma do pequeno goblin.
Os
outros em um gesto raro de sabedoria, ou talvez, apenas covardia
mesmo partiram em disparada.
O
combate havia sido feroz, Aldo se aproximou das carroças, mas não
conseguiu encontrar nenhum viajante. Apressei em confortar as chagas
de meus amigos. Bardos não servem apenas para fazer discursos
inflamados, em nosso sangue corre um poder, para cuidar de nosso
companheiros e rechaçar nosso inimigos.
Ainda
assim estávamos exaustos, havíamos derrotado todo um exército,
enquanto discutíamos o que fazer Ermitudo achou uma trilha, duas
pessoas arrastadas, uma delas pelo modo rombundo do rastro com
certeza um anão e mais alguns goblins. Não tínhamos dúvidas
Rockseeker havia sido raptado. Tínhamos que nos preparar, a missão
de entrega agora era um salvamento!!
De
qualquer maneira precisávamos descansar, então naquele lugar ainda
cheirando a sangue montamos nosso acampamento. Revezamos a vigília
em uma noite quente e perturbadora. Os olhos voltados para nossos
inimigos e o coração em desesperos pelos sortilégios aos quais o
goblins estavam submetendo Rockseeker.
O dia
amanheceu pálido, parecia que até o sol sabia do peso que
carregávamos nos ombros. Ermitudo nos guiou até uma caverna de onde
saía um caudaloso Rio.
Do
outro lado escondidos em alguns arbustos alguns goblins discutiam até
uma flecha certeira de Ermitudo silenciar seu chefe. Acompanhando a
flecha, tão rápido quanto o vento corria Aldo, em direção as
águas famintas, mas em nenhum momento ele pensou em entrar no rio.
Um salto... um giro em pleno ar... A perna distendida e.... o
Calcanhar certeiro na fronte do outro goblin! Ainda que distante pude
ouvir o som de ossos se partindo.
O
terceiro começou a correr apenas para ser carbonizado pela ira do
fogo de Dadin. Um pequeno aceno e o ambiente começou a esquentar até
que uma chama apareceu em seus dedos, a cham bailava ao seu bel
prazer, era o senhor do fogo, e este nada mais podia fazer a não ser
seguir seu comando.
Entramos
na caverna. Três lobos famintos se apresentaram. E quando
retesávamos as cordas de nossos arcos, fomos impedidos por Conão.
Que caminhou em direção aos lobos, os rugidos então aumentaram,
para logo dar lugar a um choro. Haviam os lobos sentido a presença
da morte nas mãos de nosso companheiro? Havia ele subjugado a ira
dos lobos pelo próprio fogo da guerra que carrega? Nunca saberemos
essa resposta, apenas que os lobos foram embora sem olhar para trás.
Fomos
então envoltos pela escuridão, Aldo ascendeu uma lanterna, pois os
olhos dos pequeninos se irritam com a escuridão. Em uma curva a
esquerda encontramos um pequeno barranco. Escalamos o pequeno
barranco e vimo-nos na entrada de um quarto escavado na rocha, onde 4
goblins conversavam.
Dadin
nos interrompeu: “Basta de sangue, farei essas criaturas dormirem
para que possamos passar” Um gesto e o tecido da realidade começa
a se deformar, ouvimos as vozes dos goblins se tornarem cada vez mais
baixas até pegarem um um profundo sono e... de repente o tecido da
realiadde se rasga. Dadin ressoa em uma gargalhada profana, seus
olhos completamente negros. Um palavra em um idioma esquecido e a
energia infernal explode do corpo de nosso companheiro.
Os
goblins acordam com a explosão, com a pele ainda causticada pela vil
matéria, somos obrigados a entrar em combate mais uma vez.
Os
goblins não representam grande resistência para nós, um a um
tombam ante golpes certeiros, mas um deles consegue fugir.
Eu
parto em perseguição através de uma escada, para logo em cima me
deparar com uma cena lastimável. Sildar Hallwinter completamente
machucado, amordaçado e preso, e ao seu lado ameaçando-o com um
punhal o goblin que havia fugido.
Desfiz
de minhas armas, no momento o mais importante era garantir a
segurança do prisioneiro. Comecei a dialogar, se é que isso é
possível com o goblin. Enquanto o enredava nas brumas de meu
pensamento, tecendo odes e elogios, Percebi o oco som do arco de
Ermitudo se retesando. Teríamos apenas uma chance, àquela altura
sabia que flecha já estava pronta.
Mais
dois ou três elogios e então, um salto para o solo. Zunindo sobre a
minha cabeça a flecha de Ermitudo, seguida, sempre, pelo salto de
Aldo em minhas costas. Mas desta vez não haveira nada para o
pequenino. Uma flecha certeira entre os olhos encerrou a ladainha do
goblin.
Os
deuses porém, não estavam não estavam do nosso lado. O goblin caiu
com o punhal sobre Sildar. Aldo se apressou em tratar a ferida. O
ferimento não mostrou nenhuma dificuldade para nosso nobre artífice.
Após colocar a primeira faixa Aldo porém atentou-se para o punhal.
Estava manchado... corroído, levou-o até o nariz e.... VENENO!! A
arma dos covardes. Sildar então urrou de dor.
Alí,
naquela caverna sem suas ervas e seu laboratório, não havia muito o
que fazer, o anjo da morte já turvava os olhos de Sildar e
roubavam-lhe a luz. O pequenino desfez o curativo na esperança de
extirpar o veneno, mas já havia se espalhado. Fosse um guerreiro, ou
quem sabe um anão, talvez conseguiria resistir, mas Sildar era
apenas um mercador que nesse instante já encontrava-se no abraço
eterno da morte.
Aldo
refez o curativo, e pude ver uma pequena lágrima molhar uma das
faixas. Ele se levantou, outros homens dessa terra julgariam o olhar
de Aldo como ira, ou raiva, eu porém, já o conheço a muito tempo.
Monges não tem tempo para sentir ira ou raiva, aquele olhar era de
foco, concentração, Aldo havia encontrado um objetivo, e quem quer
que tenha trazido Sildar e Rockseeker para essas cavernas iria
conhecer como é forte a determinação de um monge. Fez os rituais e
terminou de limpar o ferimento. Ao fim disse:
“Vamos
não há mais o que fazer aqui”
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